O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi
instituído por iniciativa dos movimentos sociais, em 1982, e oficializado pela
Lei N° 11.133, de 14 de julho de 2005. A data foi escolhida para coincidir com
o Dia da Árvore, representando o nascimento das reivindicações de cidadania e
participação em igualdade de condições.
Poucos dias após o fim das Paralimpíadas Rio 2016, o Dia
Nacional é comemorado nesta quarta-feira (21 de setembro), e a data chama a atenção,
novamente, para a inclusão das pessoas com deficiência, quase um quarto da
população brasileira.
Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e o
Protocolo Facultativo, e o documento obteve aqui equivalência de emenda
constitucional. Da convenção, surgiu a Lei brasileira de Inclusão, que trata os
objetivos de forma mais concreta e entrou em vigor em janeiro deste ano. Alguns
artigos ainda precisam de regulamentação com prioridade.
É necessário facilitar o acesso das pessoas com deficiência a
órteses e próteses, além de aumentar a acessibilidade urbana e na comunicação.
Até 2008, prevaleceu muito a avaliação da deficiência sob o olhar médico. Com o
conceito de deficiência pela convenção, não é só a deficiência pura e
simplesmente que conta, mas o contexto social em que a pessoa vive que vai
torná-la mais ou menos limitada. Se forem quebradas as barreiras físicas,
atitudinais e comportamentais, as limitações da deficiência serão sempre mais
minimizadas e superadas.
Pelo Censo de 2010 do IBGE, o número de pessoas com
deficiência no Brasil já pasou de 45 milhões, ou seja, pelo menos 24% da
população brasileira diz ter algum tipo de deficiência. Esta população não quer
apenas ter rampa, banheiro adaptado ou lugares reservados nos transportes
coletivos. Elas querem respeito e dignidade, além de participar das discussões
que vão regular suas vidas, querem mais educação de qualidade, saúde, cultura
com acessibilidade e inclusão, trabalho que promova seu desenvolvimento, e
sentir realmente que há uma verdadeira mudança na sociedade, no modo como ela
percebe, vê e trata os diferentes.
Em contraste com o número de pessoas com alguma deficiência
no Brasil, a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do
Trabalho, mostra que 327.215 pessoas com deficiência ocupavam vagas no mercado
de trabalho formal em 2014, mesmo com a Lei das Cotas garantindo o direito de
inserção à essas pessoas nas empresas.
Nas escolas, segundo dados do Ministério da Educação, o
acesso de pessoas com deficiência aumentou 381% entre 2003 e 2014. Nesse
intervalo, o número de matrículas saltou de 145.141 para 698.768. O grande
desafio na educação agora, além de continuar a garantir a inserção de novos
alunos com deficiência no sistema formal de ensino, é o de garantir a
aprendizagem e o sucesso desses alunos na escola.
A edição das Paralimpíadas Rio 2016 foi um marco na luta e na
história do esporte brasileiro. Participaram 287 atletas (185 homens e 102
mulheres) em 22 modalidades. A maior delegação já enviada pelo país. Os atletas
conquistaram 72 medalhas, 67% a mais do que na edição anterior, em Londres.
Foram vendidos 2,1 milhões de ingressos no total, segunda maior bilheteria da
história das Paralimpíadas. O evento trouxe maior visibilidade para a
eficiência, qualidades e capacidades de superar os próprios limites das pessoas
com deficiência.
A reflexão sobre os direitos das pessoas com deficiência
envolve justiça social, direitos humanos, cidadania, democracia, igualdade
social e respeito às diferenças. Lutar por estes direitos é não se resignar, é
não aceitar, é não deixar de denunciar, é resistir ao estado das coisas que
insistem em promover a exclusão social e favorecer uma lógica perversa do
capital que cria cada vez mais injustiças.
Parabéns Pedro seu trabalho é fantástico
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