segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Bolsonaro planeja dar golpe em 2022


Os sinais dados pelo presidente da República há algum tempo estão claros. Como percebe que cada vez mais sua reeleição está ficando difícil, o que demonstram as pesquisas de intenção de voto e de avaliação do seu governo, Bolsonaro procura criar um clima de instabilidade política no país, põe em suspeição o processo eleitoral brasileiro e ataca as instituições como se estivessem conspirando a todo momento contra seu governo e seus apoiadores (cada vez mais reduzidos), principalmente o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal.

Para ganhar sobrevida à frente da Presidência da República, Bolsonaro entregou seu governo ao chamado Centrão, um grupo formado por 170 a 220 deputados (segundo as estimativas) de diferentes partidos, que se unem para conseguir maior influência no parlamento e defender, de modo conjunto, seus interesses. A maior parte das legendas que compõem o Centrão não tem uma atuação ideológica clara (apesar de serem classificadas como de centro e centro-direita em muitas ocasiões) e se articulam basicamente para negociar apoio ao Executivo em troca de cargos na administração pública. É uma bancada de parlamentares que fazem a dita “velha política”, do jogo de interesses, muitas vezes escusos, e do fisiologismo, ou seja, que visa à satisfação de vantagens pessoais ou partidárias, em detrimento do bem comum. O Centrão é a última tábua de salvação do governo, até para evitar que um dos mais de 132 pedidos de impeachment seja aceito pelo presidente da Câmara e dê andamento a um processo que poderá antecipar a troca de presidente.

Mas não seremos pegos de surpresa. Caso o afastamento do presidente não se consume, a aprovação do seu governo continue a despencar e os índices de intenção de votos para sua reeleição caiam ainda mais, Jair Bolsonaro tentará um golpe para permanecer no poder. Os sinais estão bem claros, explicados, gravados e documentados para quem quiser se certificar. O factoide do tal voto impresso e auditável, em não sendo aprovado pelo Congresso, será o argumento para alegar fraude na eleição, caso sua derrota se confirme, e basear sua tentativa de golpe.  

Para Bolsonaro e os militares que o apoiam não há outro resultado aceitável para as próximas eleições que não seja a sua vitória nas urnas. E se isso não acontecer, o que hoje é muito provável, vão ensaiar um clima de instabilidade político-institucional, contando com a fúria e o fanatismo de seus seguidores, e vão alegar que foram roubados e que não será possível comprovar a lisura da votação. Vão tentar reeditar o filme que assistimos nos EUA, com a derrota do Trump e a invasão do Capitólio, ou algo parecido. Não é à toa que o presidente nomeou mais de seis mil militares em cargos do seu governo, e estes não vão querer largar as "tetas" tão fácil. 

E o que nós, defensores do Estado de Direito e da democracia, estamos fazendo desde já diante dessa possibilidade? E qual será nossa posição, caso isso se confirme em 2022? 

Desde agora temos que nos manifestar de alguma forma, seja nas ruas ou nas redes sociais e canais alternativos de comunicação, para formarmos uma consciência cívica de compromisso com a democracia e pressionarmos para que as instituições basicamente funcionem na garantia do cumprimento da Constituição federal. Além do mais, temos que denunciar que o presidente comete crime de responsabilidade a todo momento e que seu governo é o governo do desemprego, da miséria, da fome, da inflação dos alimentos, da supressão dos direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora, do desmatamento e das queimadas ilegais de nossas florestas. É o governo de grileiros, garimpeiros, milicianos e corruptos, que negociam propinas nas compras de vacinas. É o governo genocida, que com seu "tratamento precoce" é responsável pela morte de milhares de brasileiros nesta pandemia. 

Estejamos alertas!

Golpe nunca mais!


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